Com a corda no pescoço - André Nigri
segunda-feira, 17 de maio de 2021
Editoria ReformatórioSinopse: Por que fazemos escolhas que sabemos não ser as melhores? Por que parecemos aquilo que não somos? O poeta alemão Heinrich Heine cunhou o termo maskenfreiheit, intraduzível no português, que sugere a liberdade conferida pela máscara. E o narrador das quatro histórias deste livro é um eu disfarçado, à escuta.
Quem fala são as mulheres, e as poucas intervenções masculinas não passam de ruminações de perplexidade diante do fascínio exercido por elas.
Helena é casada com um homem obcecado pelo herói e mártir traído da liberdade nacional. Sua vida conjugal é entediante até ela se envolver com um colega. A professora de balé carrega as dores de um passado quase glorioso e do relacionamento com o filho de um conhecido líder comunista do país quando integrava o corpo de baile de um famoso balé russo. Mariana é uma jornalista às voltas com o assédio do chefe e dois casamentos fracassados. Maria deixa seu marido em casa para se jogar numa aventura imprevisível à beira-mar com um homem que ela mal conhece.
Em comum, elas revelam-se presas de armadilhas emocionais, confusões amorosas e as contradições de seus desejos. Com senso de humor e domínio de deslocamentos e ressonâncias temporais, André Nigri interroga, na ficção de enredos tão imprevisíveis quanto a falta de sentido da vida, disfarces e insinuações.
Nada é inteiramente nomeado, como se o autor convidasse o leitor para decifrar os segredos por trás das intrincadas relações. O que essas ficções propõem é um jogo amoroso, onde as peças sobre o tabuleiro são volúveis e sorrateiras. À menor desatenção, uma delas pode escapar.
★★★★/5
Recebi o livro "Com a corda no pescoço" do escritor mineiro André Nigri faz algum tempo e, devido a vários perrengues, não consegui escrever sobre ele antes. Não significa que eu não tenha gostado. Muito pelo contrário.
Já falei algumas vezes aqui, no meu outro blog e em redes sociais o quanto amo ler contos. Sim, me da uma felicidade imensa quando leio contos e crônicas. O sentimento de ler "Com a corda no pescoço" foi intenso.
André Nigri traz quatro contos com personagens interessantes e profundos. Quatro mulheres aparentemente comuns e que vivem triângulos amorosos. Os diálogos são marcantes e, talvez, sejam a característica maior do livro. É impossível ler e não sentir o peso das falas dos personagens.
Sendo meu primeiro contato com a escrita de André Nigri, não sou capaz de compará-lo, porém é um livro cativante e nos faz refletir a cerca de nossos relacionamentos, mesmo que não tenhamos triângulos amorosos em nossas vidas.
O primeiro conto, que leva o nome do livro, nos apresenta Helena. O conto é narrado por Antônio Vilela e fala sobre como uma mulher em um casamento monótono se envolve com um colega de trabalho. Neste conto, algo interessante é que o marido de Helena é aficionado por um certo herói na história que teve sua cabeça cortada fora. Sem citar nomes, sabemos de quem se trata e isso acaba por ser importante para o desenrolar do conto.
"Mas não vale a pena colocar suas fichas em mim. E não por me achar autoconfiante, mas justamente pelo contrário. Por ser tão simplória e convencional que qualquer expectativa depositada em mim despencaria tão logo a gente se beijasse."
Li e reli esta fala de Helena e confesso que refleti bastante por ler algo que se encaixa tão bem a mim mesma. Mas com tanta diferença.
O conto "Na ponta dos pés" é uma longa história. Não nesse sentido que você está pensando, mas no sentido de trazer memórias de Francesca para os dias atuais, de modo que a afetam ainda de alguma maneira. Bailarina por muitos anos, leva consigo não só as dores físicas.
Gosto quando o autor me dá a oportunidade de conhecer o passado de seus personagens. Você entende quem eles são no momento em que estão e de onde vieram, quais sentimentos carregam consigo e como eles afetam seus relacionamentos. Ao fim do conto, você compreende o motivo pelo qual Francesca gostaria de esquecer seu passado.
"Tentar, tentar, ainda que seja na ponta dos pés."
Relacionamentos em geral são delicados, eu sei. Mas por quê as pessoas tomam algumas decisões que parecem certas, mas que lhes confunde a cabeça? E como saber qual escolha é a correta?
Em "Se não fosse a lua" você tem uma mulher que vive um casamento desgastado e que decide viajar com um homem que mal conhece. Quantos sentimentos e emoções uma mulher vive em questão de minutos? O marido quer um filho; a esposa não quer. Seria egoísmo das duas partes? Vai saber!
O conto segue intercalando entre a situação de Maria e a situação de Paulo, entramos nas vivências de ambos e vemos como, enfim, embarcam em voos diferentes rumo ao mesmo destino.
"Se não se pode voltar, ela pensa, então se é obrigado a ir. Mas ir para onde? Até quando?"
Como o próprio narrador personagem fala: dois amantes que carregam sobre eles a sombra de dois ex-maridos dela, Mariana. No quarto e último conto, vamos ler sobre machismo, misoginia e relacionamentos abusivos.
Não com todos os detalhes, mas detalhes o suficiente para compreender as dores e sentimentos confusos de Mariana. Felipe é quem narra essa história e, mesmo sabendo como Mariana se sente em relação a ele, ele segue a amando. O conto se chama "O tocador de triângulo".
Sempre que leio relatos reais ou não sobre homens abusando física e psicologicamente de mulheres, eu me sinto muito mal. Será que algumas mulheres já nascem para se relacionarem com homens ruins? Voltamos à questão das escolhas? São coisas que ao final do livro você pensa mesmo sobre.
Talvez eu nunca entenda os relacionamentos das pessoas. Não cabe a mim. Mas tento sempre pensar como seria que fosse eu naquele lugar.
Com a corda no pescoço é um livro que, depois de terminar a leitura, você nota o quanto é um nome sugestivo. Gostei muito da construção feita pelo autor e como as coisas se encaixam perfeitamente.
É uma leitura que flui. Não precisa forçar para gostar. Além de mexer com tudo em você. Ri, senti raiva, me encantei e, agora, o recomendo a quem gosta de leitura profundas.
Com a corda no pescoço foi uma indicação da Oasys Cultural, grande parceira do blog. Certamente é uma obra riquíssima em vários sentidos.
Autor: André Nigri
Páginas: 128
Editora: Reformatório
Ano: 2020
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Suzane, assassina e manipuladora - Ullisses Campbell
quarta-feira, 3 de março de 2021
BiografiaSinopse: Suzane Louise von Richthofen é uma lenda do mundo do crime. Em 30 de outubro de 2002, ela abriu a porta de casa para guiar os matadores dos seus pais. Enquanto dormiam, Manfred e Marísia morreram com dezenas de pauladas, desferidas pelo namorado de Suzane e pelo irmão dele, Daniel e Cristian Cravinhos.
O crime abalou o país. Pela monstruosidade, a assassina recebeu dois vereditos: o primeiro saiu do Tribunal do Júri em 2006, quando foi condenada a 39 anos de cadeia. A segunda sentença foi proferida pelo Tribunal do Crime, existente dentro das penitenciárias.
A comunidade prisional não perdoa pedófilos, estupradores, nem filhos que matam os pais. A menina rica, branca e de cabelos loiros foi condenada. As mulheres sanguinárias do PCC receberam a missão de matá-la dentro da Penitenciária Feminina da Capital, ainda nos anos 2000. Esperta, extremamente manipuladora, Suzane sobreviveu.
Este livro esquadrinha o caminho que a criminosa trilhou desde que foi presa pela primeira vez até o momento em que começou a sair da prisão. Para detalhar a vida da assassina, o repórter Ullisses Campbell realizou dezenas de entrevistas e mergulhou nos emaranhados universos do Direito Penal e da Psicologia Forense. A obra mostra uma Suzane que deseja se casar no religioso, virar pastora evangélica e que nutre um sonho agora revelado.
★★★★★/5
A história do assassinato do casal Richthofen sempre foi um caso que me chamou muita atenção. Quando aconteceu, em 2002, eu tinha 14 anos e, apesar de não entender muito, fiquei chocada com o fato de uma filha matar os pais, ainda mais sendo uma família muito rica.
Na época, a internet ainda era só mato, pelo menos no meu círculo social, e não se discutia muito a respeito de crimes reais. Eu frequentava uma igreja e todos ao meu redor diziam apenas que "eram as profecias se cumprindo". Depois eu entendi que era só uma garota fria e sem sentimentos que havia cometido um crime cruel.
Lembro-me, também, que muito se comentou que daqui a pouco ela estaria solta e vendendo os direitos de sua história para o cinema. Durante muito tempo, me questionei se leria um livro sobre a Suzane. Não achava certo. Mas, vem cá, e os serial killers que estão na minha estante? Uma coisa não tem nada a ver com a outra e passei a ler tudo sobre os principais crimes que já aconteceram no Brasil.
Quando soube do lançamento de Suzane, assassina e manipuladora, eu sabia que queria ler. Já tinha visto várias entrevistas, lido artigos e visto todas os saidões dela. Eu queria saber como tudo aconteceu e o que levou uma pessoa a destruir tantas vidas assim.
Quem é fã de crimes reais, normalmente, quer entender a cabeça do criminoso. Eu mesma, além de querer entender, gosto de saber como eles agem, já que quase sempre são "pessoas de bem" e que mostram um lado horroroso quando "precisam".
No livro de Ullisses Campbell é tudo muito bem detalhado. É doloroso e cruel. É escancarado, porém necessário. A quantidade de fãs que Suzane Louise tem é chocante. Não só ela, mas vários monstros que passaram por essa terra, como os atiradores de Columbine, o Maníaco do Parque e outros.
Caso você se interesse em ler Suzane, leia sabendo que é um livro bastante pesado. O autor detalha bem as cenas de como Manfred e Marisia foram golpeados e como eles ficaram. O livro é muito realista, você sente a cena.
Mas gostaria de frisar que é muito interessante saber como tudo começou. A forma como Suzane conheceu os irmãos Cravinhos e saber que, mesmo pertencendo a classes sociais diferentes, eles poderiam ter tido uma vida diferente me deixa muito triste.
A vontade de ter as coisas, mesmo já tendo. Suzane era quase maior de idade, por que não esperou? Qual o motivo da frieza? Que tanto ódio carregava dos pais. Acredito, no final de tudo, que se não tivessem sido Daniel e Christian, teriam sido outras pessoas, pois a Suzane mataria os pais de qualquer forma.
Uma coisa que também me deixa muito triste com todo esse caso é saber que o Andreas, irmão da Suzane, nunca irá se recuperar. Basta um Google e você encontra vídeos e reportagens sobre como ele está, e já adianto que não está bem. Ele nunca vai ter uma vida normal e isso é muito triste. Como a Suzane não pensou ao menos no irmão que ela amava de verdade?
Quando você assiste a entrevistas, é nítido que ela não está arrependida do que fez. O único arrependimento foi por ter sido presa e ter perdido muitas oportunidades - não os pais. Tudo isso você encontra no livro também.
É realmente uma leitura que te deixa destruído ou destruída no final. Dá vontade de chorar e de nunca ter ouvido falar sobre o caso. É um crime que ficou na memória do brasileiro e que ao menos estamos vendo ela cumprindo a pena. A justiça foi feita, porém não trará o casal Richthofen de volta.
Estou bastante ansiosa para assistir ao filme e imagino que, mesmo sendo um caso pesadíssimo e chocante, no filme ele será abordado de forma mais leve.
Espero que curtam a indicação e até a próxima!
Editora: Matrix
Gênero: Crimes Reais Biografias e Memórias
I.S.B.N.: 9788582306178
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Menina Má - William March
terça-feira, 12 de janeiro de 2021
DarksideConfissões - Kanae Minato
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
Editora GutenbergSinopse: Seus alunos mataram sua filha. Agora ela quer se vingar. O mundo da professora Yuko Moriguchi girava em torno da pequena Manami, uma garotinha de 4 anos apaixonada por coelhinhos. Agora, após um terrível acontecimento que tirou a vida de sua filha, Moriguchi decide pedir demissão. Antes, porém, ela tem uma última lição para seus pupilos. A professora revela que sua filha não foi vítima de um acidente, como se pensava: dois alunos são os culpados. Sua aula derradeira irá desencadear uma trama diabólica de vingança.
Narrado em vozes alternadas e com reviravoltas inesperadas, Confissões explora os limites da punição, misturando suspense, drama, desespero e violência de forma honesta e brutal, culminando num confronto angustiante entre professora e aluno que irá colocar os ocupantes de uma escola inteira em perigo. Com uma escrita direta, elegante e assustadora, Kanae Minato mostra por que é considerada a rainha dos thrillers no Japão. Você nunca mais vai olhar para uma sala de aula da mesma maneira.
★★★★/5
Já faz um tempo desde que finalizei essa leitura. Confissões, de Kanae Minato me deixou de queixo caído pela sua simplicidade na escrita e ao mesmo tempo pela história super bem elaborada.
Li algumas resenhas sobre esse livro e, sinceramente, acho que as pessoas estão cada vez mais chatas em relação, não apenas a livros, mas filmes, séries, a vida... Eu achei uma história realmente muito boa e que me prendeu desde o primeiro capítulo.
Foi a primeira vez que li algo da escritora e, como já disse, é uma história muito bem elaborada, cheia de reviravoltas e daquelas que, quando você pensa que já sabe de tudo, percebe que ainda tem muito mais rolando.
O livro Confissões é bastante profundo quando mostra a relação da família no desenvolvimento da criança. É um dos temas abordados e nos mostra que mesmo sendo altamente inteligente, é preciso que a criança tenha uma base sólida para que ela se torne uma pessoa responsável.
“Não estou sendo nobre ao manter a identidade de A e B em segredo. Não contei para a polícia porque não acredito que a lei os possa punir. A queria matar Manami, mas no fim não provocou a morte dela; B não tinha desejo nenhum de matar, mas a levou à morte”.
Quando vemos Shuya e seu sofrimento pelo abandono da mãe, pensamos muito sobre o quanto uma mãe faz tempo. Aí vemos a situação de Naoki, que mesmo com a mãe ali do lado, não tem a menos responsabilidade, pois a superproteção dela não o faz alguém melhor.
" Ouvimos tanta gente falar de famílias abusivas que corremos o risco de achar que todas as crianças são maltratadas em casa. Mas a verdade é que a maioria das crianças de hoje em dia é paparicada e mimada. Os pais imploram e só faltam ajoelhar para que os filhos estudem, comam ou o que for."
Vemos, também, que ninguém conhece o outro tão profundamente como pensamos conhecer. Eu, como professora, sempre tento manter uma visão ampla dos meus alunos e tento sempre buscar o melhor que cada um pode oferecer. E, já que o nome do livro é Confissões, quero confessar que nunca mais vou olhar uma turma com os mesmo olhos.
Brincadeiras a parte, já que nada tem a ver uma coisa com a outra, é uma leitura super válida, ainda mais para conhecer a literatura japonesa. É um livro curto, rápido, com uma leitura fluida e assustadora até.
Já deixo aqui, também, minha recomendação para verem a adaptação. É sensacional.
Espero que curtam a recomendação. Comente aí se já leu ou se já ouviu falar do livro.
Autora: Kanae Minato
Editora: Gutenberg
I.S.B.N.: 9788582355732
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Bom Dia, Verônica - Andrea Killmore (Raphael Montes e Ilana Casoy)
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
DarksideSinopse: Chegou a hora de abrir a caixa e revelar muito mais que um mistério — uma parceria, um pacto vivo a quatro mãos, um suspense que atormentou leitores e despertou questionamentos. Qual a verdadeira identidade de Andrea Killmore?
"...se você é uma mulher acima de trinta anos e não precisa de remédio para ansiedade, então merece um troféu."
"Mulher é que nem índio, se pinta para a guerra que enfrenta todo dia."
"Homem é um bicho muito tosco mesmo - deu mole, já pensa em sexo."
Vozes do Joelma, Os gritos que não foram ouvidos
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
FaroEditorialVerity - Colleen Hoover
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Editora Galera RecordO que terá acontecido a Baby Jane? - Henry Farrell
quinta-feira, 9 de abril de 2020
Darkside“Nada podia realmente ser capturado e mantido – nem possuído. Às vezes, você achava que tinha uma coisa, mas depois parte dela – ou tudo – sempre escapava. A vida em si não poderia ser possuída, nem mesmo um minuto dela.”
Foi Crawford quem enxergou no livro uma oportunidade para fazer seu retorno triunfal ao cinema. Hollywood não oferecia bons papéis para alguém de sua idade. A atriz também sugeriu ao produtor do filme o nome da outra protagonista: sua arqui-inimiga na vida real, Bette Davis.
A rivalidade constante entre as duas grandes damas conferiu a tensão exigida pelo filme, e foi recontada na série Feud (2017), de Ryan Murphy, criador de American Horror Story, Nip/Tuck e American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson.
Deixada para trás - Charlie Donlea
segunda-feira, 30 de março de 2020
Charlie DonleaA irmã mais velha de Nicole, Livia, é uma perita forense e espera que em um breve dia o corpo de Nicole seja encontrado e entregue a alguém como ela para analisar as provas e finalmente determinar o destino que sua irmã teve. Em vez disso, a primeira pista para o desaparecimento de Nicole vem de outro corpo que aparece no necrotério, de um jovem ligado ao passado de Nicole. Livia vai até Megan para pedir ajuda, esperando descobrir mais sobre a noite em que as duas foram levadas. Outras meninas também desapareceram e Livia está cada vez mais certa de que os casos estão conectados.
Mas Megan sabe mais do que ela revelou em seu livro best-seller. Flashes de memória estão se juntando, apontando para algo mais escuro e mais monstruoso do que sua memória descreve. E quanto mais ela e Livia cavam, mais elas percebem que às vezes o verdadeiro terror está em encontrar exatamente o que você está procurando.
Preciso dizer, acima de tudo, que a história é agoniante. Assim como em A Garota do Lago, Deixada para Trás traz capítulos que mesclam o que já aconteceu com o que está acontecendo e você tem narrações do ponto de vista dos principais personagens.
Isso é agoniante porque você até imagina o que pode ter acontecido e fica na expectativa para cada capítulo sobre o que de fato aconteceu com a Nicole. E ainda tem a Megan que você desconfia de cada passo que ela e a família dela dão.
"Fazia muito tempo que Megan parara de questionar tanto a fascinação do público por seu sequestro como a sede insaciável pelos detalhes mórbidos de seu cativeiro. E, naquele momento, a ânsia desse público de ela prosseguir como se nada tivesse acontecido."
Já li vários livros que eu achei que a história poderia ter sido resumida e o autor economizado umas duzentas páginas, mas em Deixada Para Trás eu acho que foi tudo muito bem colocado e a história não deixou pontas soltas.
É realmente uma leitura muito envolvente do início ao fim e você sente o remorso da Livia por não ter atendido a ligação da irmã, o que poderia ter mudado o rumo de tudo. Fico impressionada com a escrita do Charlie Donlea por ser tão fácil e cativante.
"A floresta estava escura, e a tempestade prosseguia. Com a fita adesiva prendendo seus pulsos, ela tentava se desviar dos galhos que chicoteavam o rosto. Tropeçou num tronco e caiu nas folhas escorregadias. De imediato, forçou-se a ficar de pé de novo. Tinha contado o tempo, e achou que ficara desaparecida por doze dias. Talvez treze. Que estivera presa num porão escuro, onde seu sequestrador a escondera e alimentara, quem sabe tivesse deixado passar um dia quando a fadiga a remeteu para um longo período de sono... Essa noite, ele lhe permitiu ir para a floresta. O pavor a subjugara ao ser atirada no porta-malas, e uma sensação de náusea lhe dissera que seu fim estava próximo."
O final desse livro é simplesmente chocante. Livia e Megan vão conversando e descobrindo que Megan lembra mais do que imagina. Simplesmente amei Deixada para Trás.
Fica aqui minha indicação, espero que curtam.
Noites Brancas - Fiódor Dostoiévski
quinta-feira, 19 de março de 2020
Fiódor DostoiévskiEstou bem receosa de ir até mesmo ali fora de casa, na pracinha do apartamento. Não sou de sair, mas agora está bem mais difícil. Enfim, vamos lá para a indicação de livro do dia.
Noites Brancas é o segundo livro que leio do Dostoiévski e vou te falar uma coisa, é bem complicado, mas no final a história é tão linda e triste que vale a pena esforçar o cérebro um pouco mais.
Noites Brancas é uma obra incrível que nos remete aos dias em São Petesburgo, na Rússia. Não que eu já tenha estado lá, mas sei que às vezes as noites são tão claras que parece que ainda é dia.
Neste cenário temos ainda um alguém, o narrador, o qual nunca saberemos o seu nome, porém percebemos que se trata de alguém isolado dos demais, que não costuma ter amigos e é bem na sua.
Meditando sobre senhores caprichosos e irritados, não pude impedir-me de recordar a minha própria conduta — irrepreensível, aliás — ao longo de todo esse dia. Logo pela manhã, fora atormentado por um profundo e singular aborrecimento. Subitamente afigurou-se-me que estava só, abandonado por todos, que toda a gente se afastava de mim. Seria lógico, na verdade, que perguntasse a mim mesmo: mas quem é, afinal, «toda a gente»? Na realidade, embora viva há oito anos em Sampetersburgo, quase não consegui estabelecer relações com outras pessoas. Mas que necessidade tenho eu de relações? Conheço já todo Sampetersburgo e foi talvez por isso que me pareceu que toda a gente me abandonava, quando todo o Sampetersburgo se ergueu e bruscamente partiu para o campo. Fui tmado pelo receio de me encontrar só e durante três dias inteiros errei pela cidade mergulhado numa profunda melancolia, sem nada compreender do que se passava comigo.
Os livros do Dostoiévski, pelo que li num geral, ele é um cara de muitas palavras. Um diálogo leva basicamente três páginas, coisa simples, porém ele aloga bem as conversas.
Etretanto, confesso que em Noites Brancasnada disso me incomodou. Ao contrário, senti um vazio enorme depois de finalizar a leitura. É realmente algo lindo de ler e vale muito a pena.
"Estabeleci laços quase de amizade com um velhinho que todos os dias encontro, sempre à mesma hora, na Fontanka 2 . Tem uma expressão muito grave e pensativa e sussurra permanentemente, falando consigo mesmo, agitando a mão esquerda enquanto com a direita segura uma longa e nodosa bengala com um castão de ouro. Ele próprio me reconhece, dedicando-me um cordial interesse. Se, por qualquer eventualidade, eu não aparecesse à hora do costume nesse tal sitio habitual na Fontanka, tenho a certeza de que teria um acesso de melancolia."
Como diz na sinopse do próprio livro, Noites Brancas foi escrito após uma grande desilusão amorosa, então acredito que por esse motivo ele colocou todos os sentimentos ali e poderia até dizer que, pelo final da história, é a história do próprio Dostoiévski. O narrador não tem nome, ele se apaixona por Nástienhka e no final... bom, o final é triste.
A pobrezinha estava de tal modo emocionada que conseguiu terminar; apoiou a cabeça no meu ombro, depois sobre o meu peito, e chorou amargamente. Eu consolava-a, encorajava-a, mas nada lhe conseguia deter a mágoa; continuava a apertar-me a mão e dizia por entre os soluços: «Espere, espere. Vai ver, isto vai parar já! Quero dizer-lhe... não que estas lágrimas... não, elas vêm-me assim, é da franqueza espere que isto passe... » Finalmente, parou de chorar, limpe as lágrimas, e recomeçamos a caminhar. Eu queria falar, ela, ainda durante muito tempo, continuou a pedir-me esperasse. Calamo-nos... Por fim, reuniu toda a sua coragem começou a falar.
Eu realmente adorei esse livro, eu amo a escrita do Dostoiévski, acho tudo muito poético e se você acha que por ser um escritor clássico e russo você não vai conseguir, acredite, vai seim. Eu também achei que não conseguiria ler Crime e Castigo. Se eu consegui, você também consegue.
A Garota do Lago - Charlie Donlea
quarta-feira, 18 de março de 2020
Charlie DonleaSummit Lake, uma pequena cidade entre montanhas, é esse tipo de lugar, bucólico e com encantadoras casas dispostas à beira de um longo trecho de água intocada.
Duas semanas atrás, a estudante de direito Becca Eckersley foi brutalmente assassinada em uma dessas casas. Filha de um poderoso advogado, Becca estava no auge de sua vida.
Atraída instintivamente pela notícia, a repórter Kelsey Castle vai até a cidade para investigar o caso.
E LOGO SE ESTABELECE UMA CONEXÃO ÍNTIMA QUANDO UM VIVO CAMINHA NAS MESMAS PEGADAS DOS MORTOS...
E enquanto descobre sobre as amizades de Becca, sua vida amorosa e os segredos que ela guardava, a repórter fica cada vez mais convencida de que a verdade sobre o que aconteceu com Becca pode ser a chave para superar as marcas sombrias de seu próprio passado...
“É mais que uma pessoa obcecada. É o que se denomina pessoa insociável organizada. É o padrão de um assassino. Um tipo específico de assassino. Ele é inteligente...”
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