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Com a corda no pescoço - André Nigri

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Com a corda no pescoço André Nigri
 

Sinopse: Por que fazemos escolhas que sabemos não ser as melhores? Por que parecemos aquilo que não somos? O poeta alemão Heinrich Heine cunhou o termo maskenfreiheit, intraduzível no português, que sugere a liberdade conferida pela máscara. E o narrador das quatro histórias deste livro é um eu disfarçado, à escuta. 

Quem fala são as mulheres, e as poucas intervenções masculinas não passam de ruminações de perplexidade diante do fascínio exercido por elas. 

Helena é casada com um homem obcecado pelo herói e mártir traído da liberdade nacional. Sua vida conjugal é entediante até ela se envolver com um colega. A professora de balé carrega as dores de um passado quase glorioso e do relacionamento com o filho de um conhecido líder comunista do país quando integrava o corpo de baile de um famoso balé russo. Mariana é uma jornalista às voltas com o assédio do chefe e dois casamentos fracassados. Maria deixa seu marido em casa para se jogar numa aventura imprevisível à beira-mar com um homem que ela mal conhece. 

Em comum, elas revelam-se presas de armadilhas emocionais, confusões amorosas e as contradições de seus desejos. Com senso de humor e domínio de deslocamentos e ressonâncias temporais, André Nigri interroga, na ficção de enredos tão imprevisíveis quanto a falta de sentido da vida, disfarces e insinuações. 

Nada é inteiramente nomeado, como se o autor convidasse o leitor para decifrar os segredos por trás das intrincadas relações. O que essas ficções propõem é um jogo amoroso, onde as peças sobre o tabuleiro são volúveis e sorrateiras. À menor desatenção, uma delas pode escapar.


★★★★/5


Recebi o livro "Com a corda no pescoço" do escritor mineiro André Nigri faz algum tempo e, devido a vários perrengues, não consegui escrever sobre ele antes. Não significa que eu não tenha gostado. Muito pelo contrário.


Já falei algumas vezes aqui, no meu outro blog e em redes sociais o quanto amo ler contos. Sim, me da uma felicidade imensa quando leio contos e crônicas. O sentimento de ler "Com a corda no pescoço" foi intenso. 


André Nigri traz quatro contos com personagens interessantes e profundos. Quatro mulheres aparentemente comuns e que vivem triângulos amorosos. Os diálogos são marcantes e, talvez, sejam a característica maior do livro. É impossível ler e não sentir o peso das falas dos personagens.


Sendo meu primeiro contato com a escrita de André Nigri, não sou capaz de compará-lo, porém é um livro cativante e nos faz refletir a cerca de nossos relacionamentos, mesmo que não tenhamos triângulos amorosos em nossas vidas.


O primeiro conto, que leva o nome do livro, nos apresenta Helena. O conto é narrado por Antônio Vilela e fala sobre como uma mulher em um casamento monótono se envolve com um colega de trabalho. Neste conto, algo interessante é que o marido de Helena é aficionado por um certo herói na história que teve sua cabeça cortada fora. Sem citar nomes, sabemos de quem se trata e isso acaba por ser importante para o desenrolar do conto.


"Mas não vale a pena colocar suas fichas em mim. E não por me achar autoconfiante, mas justamente pelo contrário. Por ser tão simplória e convencional que qualquer expectativa depositada em mim despencaria tão logo a gente se beijasse."

 

Li e reli esta fala de Helena e confesso que refleti bastante por ler algo que se encaixa tão bem a mim mesma. Mas com tanta diferença.


O conto "Na ponta dos pés" é uma longa história. Não nesse sentido que você está pensando, mas no sentido de trazer memórias de Francesca para os dias atuais, de modo que a afetam ainda de alguma maneira. Bailarina por muitos anos, leva consigo não só as dores físicas. 


Gosto quando o autor me dá a oportunidade de conhecer o passado de seus personagens. Você entende quem eles são no momento em que estão e de onde vieram, quais sentimentos carregam consigo e como eles afetam seus relacionamentos. Ao fim do conto, você compreende o motivo pelo qual Francesca gostaria de esquecer seu passado.


"Tentar, tentar, ainda que seja na ponta dos pés."


Relacionamentos em geral são delicados, eu sei. Mas por quê as pessoas tomam algumas decisões que parecem certas, mas que lhes confunde a cabeça? E como saber qual escolha é a correta?


Em "Se não fosse a lua" você tem uma mulher que vive um casamento desgastado e que decide viajar com um homem que mal conhece. Quantos sentimentos e emoções uma mulher vive em questão de minutos? O marido quer um filho; a esposa não quer. Seria egoísmo das duas partes? Vai saber!


O conto segue intercalando entre a situação de Maria e a situação de Paulo, entramos nas vivências de ambos e vemos como, enfim, embarcam em voos diferentes rumo ao mesmo destino. 


"Se não se pode voltar, ela pensa, então se é obrigado a ir. Mas ir para onde? Até quando?"


Como o próprio narrador personagem fala: dois amantes que carregam sobre eles a sombra de dois ex-maridos dela, Mariana. No quarto e último conto, vamos ler sobre machismo, misoginia e relacionamentos abusivos.

 

Não com todos os detalhes, mas detalhes o suficiente para compreender as dores e sentimentos confusos de Mariana. Felipe é quem narra essa história e, mesmo sabendo como Mariana se sente em relação a ele, ele segue a amando. O conto se chama "O tocador de triângulo".


Sempre que leio relatos reais ou não sobre homens abusando física e psicologicamente de mulheres, eu me sinto muito mal. Será que algumas mulheres já nascem para se relacionarem com homens ruins? Voltamos à questão das escolhas? São coisas que ao final do livro você pensa mesmo sobre.


Talvez eu nunca entenda os relacionamentos das pessoas. Não cabe a mim. Mas tento sempre pensar como seria que fosse eu naquele lugar.


Com a corda no pescoço é um livro que, depois de terminar a leitura, você nota o quanto é um nome sugestivo. Gostei muito da construção feita pelo autor e como as coisas se encaixam perfeitamente. 


É uma leitura que flui. Não precisa forçar para gostar. Além de mexer com tudo em você. Ri, senti raiva, me encantei e, agora, o recomendo a quem gosta de leitura profundas.


Com a corda no pescoço foi uma indicação da Oasys Cultural, grande parceira do blog. Certamente é uma obra riquíssima em vários sentidos.


Autor: André Nigri 

Páginas: 128 

Editora: Reformatório 

Ano: 2020 


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Suzane, assassina e manipuladora - Ullisses Campbell

quarta-feira, 3 de março de 2021

Suzane, assassina e manipuladora

Sinopse: Suzane Louise von Richthofen é uma lenda do mundo do crime. Em 30 de outubro de 2002, ela abriu a porta de casa para guiar os matadores dos seus pais. Enquanto dormiam, Manfred e Marísia morreram com dezenas de pauladas, desferidas pelo namorado de Suzane e pelo irmão dele, Daniel e Cristian Cravinhos. 


O crime abalou o país. Pela monstruosidade, a assassina recebeu dois vereditos: o primeiro saiu do Tribunal do Júri em 2006, quando foi condenada a 39 anos de cadeia. A segunda sentença foi proferida pelo Tribunal do Crime, existente dentro das penitenciárias. 


A comunidade prisional não perdoa pedófilos, estupradores, nem filhos que matam os pais. A menina rica, branca e de cabelos loiros foi condenada. As mulheres sanguinárias do PCC receberam a missão de matá-la dentro da Penitenciária Feminina da Capital, ainda nos anos 2000. Esperta, extremamente manipuladora, Suzane sobreviveu. 


Este livro esquadrinha o caminho que a criminosa trilhou desde que foi presa pela primeira vez até o momento em que começou a sair da prisão. Para detalhar a vida da assassina, o repórter Ullisses Campbell realizou dezenas de entrevistas e mergulhou nos emaranhados universos do Direito Penal e da Psicologia Forense. A obra mostra uma Suzane que deseja se casar no religioso, virar pastora evangélica e que nutre um sonho agora revelado.


★★★★★/5


A história do assassinato do casal Richthofen sempre foi um caso que me chamou muita atenção. Quando aconteceu, em 2002, eu tinha 14 anos e, apesar de não entender muito, fiquei chocada com o fato de uma filha matar os pais, ainda mais sendo uma família muito rica.


Na época, a internet ainda era só mato, pelo menos no meu círculo social, e não se discutia muito a respeito de crimes reais. Eu frequentava uma igreja e todos ao meu redor diziam apenas que "eram as profecias se cumprindo". Depois eu entendi que era só uma garota fria e sem sentimentos que havia cometido um crime cruel.


Lembro-me, também, que muito se comentou que daqui a pouco ela estaria solta e vendendo os direitos de sua história para o cinema. Durante muito tempo, me questionei se leria um livro sobre a Suzane. Não achava certo. Mas, vem cá, e os serial killers que estão na minha estante? Uma coisa não tem nada a ver com a outra e passei a ler tudo sobre os principais crimes que já aconteceram no Brasil.


Quando soube do lançamento de Suzane, assassina e manipuladora, eu sabia que queria ler. Já tinha visto várias entrevistas, lido artigos e visto todas os saidões dela. Eu queria saber como tudo aconteceu e o que levou uma pessoa a destruir tantas vidas assim.


Quem é fã de crimes reais, normalmente, quer entender a cabeça do criminoso. Eu mesma, além de querer entender, gosto de saber como eles agem, já que quase sempre são "pessoas de bem" e que mostram um lado horroroso quando "precisam".


No livro de Ullisses Campbell é tudo muito bem detalhado. É doloroso e cruel. É escancarado, porém necessário. A quantidade de fãs que Suzane Louise tem é chocante. Não só ela, mas vários monstros que passaram por essa terra, como os atiradores de Columbine, o Maníaco do Parque e outros.


Caso você se interesse em ler Suzane, leia sabendo que é um livro bastante pesado. O autor detalha bem as cenas de como Manfred e Marisia foram golpeados e como eles ficaram. O livro é muito realista, você sente a cena.


Mas gostaria de frisar que é muito interessante saber como tudo começou. A forma como Suzane conheceu os irmãos Cravinhos e saber que, mesmo pertencendo a classes sociais diferentes, eles poderiam ter tido uma vida diferente me deixa muito triste. 


A vontade de ter as coisas, mesmo já tendo. Suzane era quase maior de idade, por que não esperou? Qual o motivo da frieza? Que tanto ódio carregava dos pais. Acredito, no final de tudo, que se não tivessem sido Daniel e Christian, teriam sido outras pessoas, pois a Suzane mataria os pais de qualquer forma.


Uma coisa que também me deixa muito triste com todo esse caso é saber que o Andreas, irmão da Suzane, nunca irá se recuperar. Basta um Google e você encontra vídeos e reportagens sobre como ele está, e já adianto que não está bem. Ele nunca vai ter uma vida normal e isso é muito triste. Como a Suzane não pensou ao menos no irmão que ela amava de verdade?


Quando você assiste a entrevistas, é nítido que ela não está arrependida do que fez. O único arrependimento foi por ter sido presa e ter perdido muitas oportunidades - não os pais. Tudo isso você encontra no livro também.


É realmente uma leitura que te deixa destruído ou destruída no final. Dá vontade de chorar e de nunca ter ouvido falar sobre o caso. É um crime que ficou na memória do brasileiro e que ao menos estamos vendo ela cumprindo a pena. A justiça foi feita, porém não trará o casal Richthofen de volta.


Estou bastante ansiosa para assistir ao filme e imagino que, mesmo sendo um caso pesadíssimo e chocante, no filme ele será abordado de forma mais leve. 


Espero que curtam a indicação e até a próxima!


Editora: Matrix

Gênero: Crimes Reais Biografias e Memórias 

I.S.B.N.: 9788582306178


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Menina Má - William March

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Sinopse: Publicado originalmente em 1954, MENINA MÁ se transformou quase imediatamente em um estrondoso sucesso. Polêmico, violento, assustador eram alguns adjetivos comuns para descrever o último e mais conhecido romance de William March. 

Os críticos britânicos consideraram o livro apavorantemente bom. Ernest Hemingway se declarou um fã. Em menos de um ano, MENINA MÁ ganharia uma montagem nos palcos da Broadway e, em 1956, uma adaptação ao cinema indicada a quatro prêmios Oscar, incluindo o de melhor atriz para a menina Patty McComarck, que interpretou Rhoda Penmark. 

Rhoda, a pequena malvada do título, é uma linda garotinha de 8 anos de idade. Mas quem vê a carinha de anjo, não suspeita do que ela é capaz. Seria ela a responsável pela morte de um coleguinha da escola? A indiferença da menina faz com que sua mãe, Christine, comece a investigar sobre crimes e psicopatas. Aos poucos, Christine consegue desvendar segredos terríveis sobre sua filha, e sobre o seu próprio passado também. 

MENINA MÁ é um romance que influenciou não só a literatura como o cinema e a cultura pop. A crueldade escondida na inocência da pequena Rhoda Penmark serviria de inspiração para personagens clássicos do terror, como Damien, Chucky, Annabelle, Samara, de O Chamado, e o serial killer Dexter.

★★★★★/5

Lembro de quando lançou esse livro e era tudo o que se falava nos blogs literários. Na época eu não comprava Darkside, já que a grana estava curta. Mas acho que lê-lo agora fez a experiência ser bem melhor do que seria anos atrás. 

Posso dizer que foi uma leitura muito prazerosa e do jeito que eu gosto. Quando vamos imaginar que crianças podem ser tão cruéis? Sempre que leio ou assisto algo que tenha uma criança psicopatas, fico assustada, já que isso acontece na vida real também.

Sou um pouco suspeita para falar desse livro, já que sou muito interessada no assunto "mente dos psicopatas". Não importa se são adultos ou crianças. Eu gosto de, pelo menos, tentar entender. É algo que realmente me faz pensar. O que leva alguém a cometer crimes horrendos? O que leva uma criança a praticar o mal?

Achei a história realmente interessante e envolvente. Além de contar sobre a Rhoda, temos a mãe dela, Christine, que percebe o que a filha faz e tenta encontrar respostas para várias de suas perguntas. Com isso, compreendemos um pouco a relação entre mãe e filha, além de ficar nítida criação sem o pai de Rhoda.

Hoje, vemos com mais facilidade como a mãe normalmente assume a maior responsabilidade na criação dos filhos. Agora imagina na época em que Menina Má foi escrito? Percebe-se o quanto Christine sente falta do esposo para cuidar da filha com ela.

O que você faria? Eu não sou mãe, por isso em vários momentos me irritei facilmente com a Christine. Como alguém defende uma mini criminosa? Aí minutos depois estava eu me retratando mentalmente, poxa é uma criança, afinal. Mas não deixa de ser uma criminosinha. 


Mas uma coisa em que eu acredito de verdade é que as pessoas já nascem más. Independente de ter uma família estruturada ou não, ter vida fácil, difícil. Acredito que o ser humano já nasce com a maldade e isso se molda com o passar do tempo. Porém, algo que até agora não entendo é a mentalidade de uma criança/adolescente que comete atrocidades.

Crianças e adolescentes conseguem ser muito malvados. O mais intrigante de tudo isso é saber que existem estudos que mostram um número alto de crianças que possuem algum transtorno de desvio de conduta. Um Google e você encontra mais informações. E nós que estamos acostumados a ler sobre serial killers (somos, não somos?) sabemos que tudo começa na infância com algum tipo de violência contra animais, contra outras crianças, agressividade e até mentiras.

Ser mãe/pai de uma pessoa assim, sem dúvida, deve ser desesperador. Só quem vive sabe, mas eu até imagino. Querer proteger e tentar "recuperar" um filho certamente é o desejo de todo pai e mãe. 

É uma leitura bem válida e me fez refletir sobre muitos assuntos. Eu recomendo e até insisto que você leia. 
 
Autor: William March
Editora: Darkside Books
I.S.B.N.: 9788566636819

Confissões - Kanae Minato

terça-feira, 5 de janeiro de 2021


Sinopse
: Seus alunos mataram sua filha. Agora ela quer se vingar. O mundo da professora Yuko Moriguchi girava em torno da pequena Manami, uma garotinha de 4 anos apaixonada por coelhinhos. Agora, após um terrível acontecimento que tirou a vida de sua filha, Moriguchi decide pedir demissão. Antes, porém, ela tem uma última lição para seus pupilos. A professora revela que sua filha não foi vítima de um acidente, como se pensava: dois alunos são os culpados. Sua aula derradeira irá desencadear uma trama diabólica de vingança. 


Narrado em vozes alternadas e com reviravoltas inesperadas, Confissões explora os limites da punição, misturando suspense, drama, desespero e violência de forma honesta e brutal, culminando num confronto angustiante entre professora e aluno que irá colocar os ocupantes de uma escola inteira em perigo. Com uma escrita direta, elegante e assustadora, Kanae Minato mostra por que é considerada a rainha dos thrillers no Japão. Você nunca mais vai olhar para uma sala de aula da mesma maneira.


★★★★/5


Já faz um tempo desde que finalizei essa leitura. Confissões, de Kanae Minato me deixou de queixo caído pela sua simplicidade na escrita e ao mesmo tempo pela história super bem elaborada.


Li algumas resenhas sobre esse livro e, sinceramente, acho que as pessoas estão cada vez mais chatas em relação, não apenas a livros, mas filmes, séries, a vida... Eu achei uma história realmente muito boa e que me prendeu desde o primeiro capítulo.


Foi a primeira vez que li algo da escritora e, como já disse, é uma história muito bem elaborada, cheia de reviravoltas e daquelas que, quando você pensa que já sabe de tudo, percebe que ainda tem muito mais rolando.


O livro Confissões é bastante profundo quando mostra a relação da família no desenvolvimento da criança. É um dos temas abordados e nos mostra que mesmo sendo altamente inteligente, é preciso que a criança tenha uma base sólida para que ela se torne uma pessoa responsável.


“Não estou sendo nobre ao manter a identidade de A e B em segredo. Não contei para a polícia porque não acredito que a lei os possa punir. A queria matar Manami, mas no fim não provocou a morte dela; B não tinha desejo nenhum de matar, mas a levou à morte”.


Quando vemos Shuya e seu sofrimento pelo abandono da mãe, pensamos muito sobre o quanto uma mãe faz tempo. Aí vemos a situação de Naoki, que mesmo com a mãe ali do lado, não tem a menos responsabilidade, pois a superproteção dela não o faz alguém melhor.


" Ouvimos tanta gente falar de famílias abusivas que corremos o risco de achar que todas as crianças são maltratadas em casa. Mas a verdade é que a maioria das crianças de hoje em dia é paparicada e mimada. Os pais imploram e só faltam ajoelhar para que os filhos estudem, comam ou o que for."


Vemos, também, que ninguém conhece o outro tão profundamente como pensamos conhecer. Eu, como professora, sempre tento manter uma visão ampla dos meus alunos e tento sempre buscar o melhor que cada um pode oferecer. E, já que o nome do livro é Confissões, quero confessar que nunca mais vou olhar uma turma com os mesmo olhos.



Brincadeiras a parte, já que nada tem a ver uma coisa com a outra, é uma leitura super válida, ainda mais para conhecer a literatura japonesa. É um livro curto, rápido, com uma leitura fluida e assustadora até.


Já deixo aqui, também, minha recomendação para verem a adaptação. É sensacional.


Espero que curtam a recomendação. Comente aí se já leu ou se já ouviu falar do livro.


Autora: Kanae Minato

Editora: Gutenberg

I.S.B.N.: 9788582355732


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Bom Dia, Verônica - Andrea Killmore (Raphael Montes e Ilana Casoy)

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Livro que virou série da Netflix

Sinopse
Chegou a hora de abrir a caixa e revelar muito mais que um mistério — uma parceria, um pacto vivo a quatro mãos, um suspense que atormentou leitores e despertou questionamentos. Qual a verdadeira identidade de Andrea Killmore? 
Por trás de um thriller hipnotizante e surpreendente, duas mentes sombrias, familiares ao perigo e a todos os amantes da literatura dark: Casoy e Montes. A rotina da secretária de polícia Verônica Torres era pacata, burocrática e repleta de sonhos interrompidos até aquela manhã.
Um abismo se abre diante de seus pés de uma hora para outra quando, na mesma semana, ela presencia um suicídio inesperado e recebe a ligação anônima de uma mulher clamando por sua vida. Verônica sente um verdadeiro calafrio, mas abraça a oportunidade de mostrar suas habilidades investigativas e decide mergulhar sozinha nos dois casos. 
Um turbilhão de acontecimentos inesperados é desencadeado e a levam a um encontro com lado mais sombrio do coração humano.

★★★★★/5

Vou aproveitar sim que saiu o teaser oficial da série na Netflix e contar para vocês o que achei do livro Bom dia, Verônica. Até então, ninguém sabia quem era Andrea Killmore - nome bem sugestivo. Porém, com o lançamento da capa nova  (imagino eu) pela Darkside Books, foi revelado que era uma obra prima de Raphael Montes e Ilana Casoy.

Eu sou grande fã do Raphael Montes desde que li Suicidas. Falei sobre ele no meu blog Sabe o inverno? há algum tempo, se quiser saber mais, basta visitar o blog, o link está ali na barrinha acima. 

Para mim, ele é um grande escritor do gênero suspense, mistério, crime e um dia quero ter o orgulho de dizer que li todos os livros dele.

Já a Ilana Casoy, apesar de tudo eu nunca li nada exclusivo dela. Depois de Bom dia, Verônica, ah meus amigos, pode apostar que vai ter maratona (e gastos absurdos com livros).

Voltando a Bom dia, Verônica, eu li ainda esse ano, na verdade no início desse mês de agosto e achei sensacional. Todo o enredo é muito bem montado, muito bem escrito e  de uma riqueza imensa.

Eu vou defender para sempre os escritores de thrillers nacionais, porque é meu gênero preferido e estou impressionada com as obras que venho lendo ultimamente.

Durante a minha leitura, eu morria de medo de algo acontecer com Verônica. Sabe aqueles livros em que o detetive designado para a investigação acaba sendo afastado e fazendo tudo por conta própria? Eu esperei a todo instante que a SECRETÁRIA fosse penalizada de alguma forma.

As falas da Verônica, no geral, fizeram com que eu me identificasse muito, sabe? Sem dúvida uma personagem muito marcante e daquelas que, mesmo não sendo reais, você pensa: queria que fosse minha amiga.

"...se você é uma mulher acima de trinta anos e não precisa de remédio para ansiedade, então merece um troféu."

"Mulher é que nem índio, se pinta para a guerra que enfrenta todo dia."

"Homem é um bicho muito tosco mesmo - deu mole, já pensa em sexo."

Os crimes relatados no livro são bem pesados. São bem cruéis mesmo e muito bem detalhados. O casal Brandão e Janete é um casal peculiar. Certamente existem vários iguais no mundo real, talvez sem os crimes fora de casa do Brandão. Mas segue sendo um relacionamento abusivo ao quadrado.

Fiquei com muita raiva de Janete durante muito tempo. Sabe o quanto isso acontece aqui, fora dos livros? A gente fica com raiva da vítima, culpando-a e se sente culpado depois.

Agora quero falar sobre aquele final. Que final brilhante!! Assim como me surpreendi MUITO em Suicidas, Bom dia, Verônica até agora me deixa "que mulher genial, que escritores geniais". Sim, é um final sensacional e eu poderia passar três dias falando dele.

Não vi o teaser da Netflix, não gosto muito, já que teaser trailer costumam me enganar, então vou esperar sair a série para comentar. Faz tempo que não vejo séries novas, mas confesso que estou ansiosa para sair Bom dia, Verônica.

Sobre ela, a série, irei comentar no outro blog, o Sabe o inverno?. Não abandonem aquele espaço que eu amo tanto.

Já leram? Vão assistir à série? Vamos conversar aqui nos comentários.

Autores: Raphael Montes e Ilana Casoy
Editora: Darkside Books
I.S.B.N.: 9788594540171


Vozes do Joelma, Os gritos que não foram ouvidos

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Vozes do Joelma

Sinopse: Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini são autores reconhecidos pela crueldade de seus personagens e grandes reviravoltas nas narrativas. As mentes doentias por trás dos livros A Casa dos Pesadelos, O Escravo de Capela, Dança da Escuridão, Horror na Colina de Darrington, Quando ela desaparecer, O Casamento, Colega de Quarto, e da série As Crônicas dos Mortos, se uniram para criar versões perturbadoras sobre as tragédias que ocorreram em um terreno amaldiçoado, e convidaram o igualmente perverso Tiago Toy para se juntar na tarefa de despir os homicídios, acidentes e assombrações que permeiam um dos principais desastres brasileiros: o incêndio do edifício Joelma. 

O trágico acontecimento deixou quase 200 mortos e mais de 300 feridos, além de ganhar as manchetes da época e selar o local com uma aura de maldição. Esse fato até hoje ecoa em boatos fantasmagóricos que envolvem a presença de espíritos inquietos nos corredores do prédio e lendas sobre lamúrias vindas dos túmulos onde corpos carbonizados foram enterrados sem identificação. 

Algo que nem todos sabem, é que muito antes do Joelma arder em chamas no centro de São Paulo, o terreno já havia sido palco de um crime hediondo, no qual um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no próprio jardim. 

Devido às recorrentes tragédias que marcaram o local, há quem diga que ele é assombrado por ter servido como pelourinho, onde escravos eram torturados e executados. E sua maldição já fora identificada pelos índios, que deram-lhe o nome de Anhangabaú: águas do mal. Se as histórias são verdadeiras não se sabe... 

A única certeza é que a região onde ocorreu o incêndio tornou-se uma mina inesgotável de mistérios. E, neste livro, alguns deles estão expostos à loucura de autores que buscaram uma explicação.

★★★★/5

Eu sempre me interessei pelo caso do Edifício Joelma. Foi e ainda é um caso assustador, porém não deixa de ser curioso todo o sobrenatural que envolve aquele lugar.

Quando eu soube do lançamento do livro Vozes do Joelma, eu sabia que eu precisava ler. Não tenho muito o costume de ler a sinopse dos  livros e às vezes isso é um problema. No caso de Vozes do Joelma, foi mais ou menos um problema. 

Adoro contos, mas não sabia que esse livro era composto por contos. Tudo bem até ai, curti a ideia. São quatro no total e apenas um deles eu não gostei tanto assim. 

Vamos começar falando sobre os autores do livro Vozes do Joelma. De todos eles, eu só conhecia o Rodrigo de Oliveira, inclusive pessoalmente, já que fui em um lançamento dele aqui em Brasília há uns três anos. Marcos DeBrito, Marcus Barcelos e Victor Bonini eu conheci através do Joelma, fui lá e li um livro de cada um deles e apenas adorei a escrita dos três. Mais para frente vou escrever sobre os livros deles que eu li e conto para vocês.

Agora quero falar sobre cada um dos contos que compõem o livro Vozes do Joelma. 

O primeiro conto, Os mortos não perdoam, escrito por Marcos DeBrito, conta uma história baseada no crime do poço. A história do edifício Joelma já vem de longas datas e nesse conto, nós temos uma narrativa voltada para o crime que aconteceu lá anos antes do incêndio. É perturbador e eu sou suspeita para falar, já que adoro histórias perturbadoras.

No segundo conto, Não nos deixe queimar, temos  o incrível autor de As crônicas dos mortos, Rodrigo de Oliveira. A escrita dele é sensacional e o conto que ele entregou não é para menos. É sobre o incêndio no edifício. Ele cria toda uma narrativa, com personagens marcantes, apesar de ser um conto, e nos faz pensar - mais ainda - sobre a mente das pessoas. Sem dúvida foi meu preferido.

O terceiro ficou por conta do Marcus Barcelos e se chama Os Treze. Se você conhece a história do edifício Joelma, com certeza já ouviu falar das treze pessoas que morreram carbonizadas dentro do elevador e nunca foram reconhecidas e sequer reclamaram seus corpos. Para mim, a história é a mais assustadora, já que essa história das treze almas é em si assustadora. 

Por último, temos O Homem na escada, de Victor Bonini. É um conto muito bom, tem um enredo interessante e com personagens bem construídos. O problema é que é um conto bastante longo e arrastado. Se você pega a essência da história, não tem como negar que é uma história incrível, mas é arrastada de qualquer forma. Gostei, mas poderia ter sido mais curta ou dinâmica.

Ali em cima eu contei para vocês sobre o problema em não ler sinopses. Pois bem, eu imaginei que o livro iria contar a história real do incêndio, tipo um livro reportagem. Foi uma surpresa muito boa, já que cada um dos autores usou de sua criatividade - que não é pouca - para criar uma ficção baseada nessa história tão triste.

O escritor Tiago Toy, convidado a apresentar o livro, tem participação fundamental na composição de Vozes do Joelma. Ainda não li nada dele, mas já está na fila. 

É uma leitura muito boa, vale super a pena e eu tenho certeza de que vai agradar muitas pessoas. As histórias de terror nacionais, as que li pelo menos, são tão boas quanto as gringas, sendo melhor ainda por serem brasileiras, vamos dar valor, né?

Fica aqui a minha indicação, espero que vocês curtam.

"Não esbanjes sua vida com uma rotina de pensamentos irascíveis e traiçoeiros, essa é uma das mais mortíferas doenças do século."


Autor: Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos, Victor Bonini e Tiago Toy
Editora: Faro Editorial
I.S.B.N.: 9788595810884

Verity - Colleen Hoover

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Sinopse: O amor é capaz de superar a pior das verdades? Verity Crawford é a autora best-seller por trás de uma série de sucesso. Ela está no auge de sua carreira, aclamada pela crítica e pelo público, no entanto, um súbito e terrível acidente acaba interrompendo suas atividades, deixando-a sem condições de concluir a história... 

E é nessa complexa circunstância que surge Lowen Ashleigh, uma escritora à beira da falência convidada a escrever, sob um pseudônimo, os três livros restantes da já consolidada série. 

Para que consiga entender melhor o processo criativo de Verity com relação aos livros publicados e, ainda, tentar descobrir seus possíveis planos para os próximos, Lowen decide passar alguns dias na casa dos Crawford, imersa no caótico escritório de Verity – e, lá, encontra uma espécie de autobiografia onde a escritora narra os fatos acontecidos desde o dia em que conhece Jeremy, seu marido, até os instantes imediatamente anteriores a seu acidente – incluindo sua perspectiva sobre as tragédias ocorridas às filhas do casal. 

Quanto mais o tempo passa, mais Lowen se percebe envolvida em uma confusa rede de mentiras e segredos, e, lentamente, adquire sua própria posição no jogo psicológico que rodeia aquela casa. Emocional e fisicamente atraída por Jeremy, ela precisa decidir: expor uma versão que nem ele conhece sobre a própria esposa ou manter o sigilo dos escritos de Verity?

★★★★★/5

Verity é o livro mais recente da Colleen Hoover. E preciso exaltar a escrita dessa mulher. Ela sabe como te envolver na história e te levar a um pensamento para depois jogar toda a verdade e te mostrar que nada é como você achava que era.

Eu já escrevi sobre outro livro dela, Tarde Demais no outro blog, e até então tinha sido a leitura mais perturbadora que já tinha passado pela minha vida. Porém esse título agora vai para Verity.

A vontade de sair dando spoiler e falando todas as teorias as conclusões a que cheguei ao fim da leitura é grande. Mas ainda bem que por aqui não famos isso.

Conforme a Lowen vai lendo os capítulos do manuscrito da Verity, ela vai descrevendo a sensação que teve ao ler. Não tem como não sentir o mesmo. Quando se trata da morte das filhas de Verity e Jeremy, é algo tão absurdo que você sente que não vai conseguir chega ao fim do livro de tanto enjoo que sente.

Confesso que o final da história, para mim, ficou mais ou menos "eu to feliz com esse final ou não?". Não é nem questão de felicidade. É que é tudo tão perturbador que eu fiquei sem reação, sem saber o que é mais doido.

Verity está sendo muito comentado e pode ser que você desanime da leitura por agora, mas se puder, leia. É um livro surpreendente, cheio de 'eita', cheio de 'não quero mais ler' e cheio de 'meu deus, quero mais'.


Livro: Verity  
Autor: Colleen Hoover
Editora: Galera Record
Gênero: Suspense e Mistério
I.S.B.N.: 9788501117847

O que terá acontecido a Baby Jane? - Henry Farrell

quinta-feira, 9 de abril de 2020

capa do livro
Sinopse: Uma boa história não envelhece jamais. É o caso de O que terá acontecido a Baby Jane? 
Lançado originalmente em 1960, e há décadas fora de catálogo no Brasil, era um dos livros mais pedidos pelos exigentes leitores da DarkSide® Books. 
O romance de Henry Farrell, brilhantemente adaptado ao cinema em 1962, tem o mesmo toque de terror gótico e psicológico de grandes clássicos desenterrados pela editora, como Psicose (1959), de Robert Bloch, e Menina Má (1954), de William March. 

O que terá acontecido a Baby Jane? conta a história das irmãs Hudson, duas mulheres de idade que vivem isoladas em uma mansão e mantêm uma relação doentia de dependência, inveja, rancor e culpa. “Baby” Jane Hudson fez nome nos palcos de teatro vaudevile quando era criança. Mas isso foi há tantos anos que ninguém mais se lembra dela. Sua irmã Blanche foi uma estrela maior, de grande sucesso em Hollywood. Um acidente de carro, porém, afastou-a dos holofotes e a colocou sobre uma cadeira de rodas. Aos poucos, os ressentimentos se transformam em obsessão, colocando em risco iminente a vida — e também a sanidade — das duas irmãs. 

O que terá acontecido a Baby Jane? virou referência por sua adaptação cinematográfica, com Bette Davis e Joan Crawford. Mas toda a angústia, a inspiração gótica e até a atmosfera sombria da fotografia em preto e branco do longa-metragem já estavam presentes nas páginas do livro.

★★★★★/5

Alguns livros eu desejo tanto mais tanto que é difícil chegar ao final. É basicamente o que aconteceu em O que terá acontecido a Baby Jane? de Henry Farrell.

Finalizei o livro com a sensação de quero mais, quero ler de novo. Eu realmente desejei esse livro por um bom tempo. Vi na livraria e pensei em comprar, deixei ele no carrinho da Amazon por muito tempo até que a ideia de uma quarentena surgiu.

Não sei explicar o motivo pelo qual eu amo tanto histórias de terror, thriller e góticos. Li no Hype Science um artigo interessante sobre o motivo de as pessoas gostarem de filmes de terror, o que vale para histórias de terror em geral. Achei interessante, mas não me convenceu muito.

De qualquer forma, estou sempre em busca de grandes referências do gênero não só na literatura, mas também no cinema. Tanto que depois de ler o livro fui em busca do filme O que terá acontecido a Baby Jane?. Ele é de 1962 - amo - e é bem fiel ao livro.

A história além de te prender bastante é muito bem desenvolvida. É agoniante e em alguns momentos eu precisei dar uma pausa para depois prosseguir. Os detalhes são incríveis e a leitura não é pesada. Ela flui bem e eu não senti dificuldade em nenhum momento.

“Nada podia realmente ser capturado e mantido – nem possuído. Às vezes, você achava que tinha uma coisa, mas depois parte dela – ou tudo – sempre escapava. A vida em si não poderia ser possuída, nem mesmo um minuto dela.” 


Além da história, O que terá acontecido a Baby Jane? conta ainda com outros três contos no final do livro de autoria do Henry Farrell e nunca antes publicados, contos esses que em minha humilde opinião mereciam filmes também. Um deles - O que terá acontecido a prima Charlotte? - deu origem ao filme Com a Maldade na Alma, de 1964.

Falando nisso, acho que Baby Jane deveria ter um remake. Embora eu tenha sérios problemas com remake, acredito que seria legal uma versão mais atualizada do filme. 

Foi Crawford quem enxergou no livro uma oportunidade para fazer seu retorno triunfal ao cinema. Hollywood não oferecia bons papéis para alguém de sua idade. A atriz também sugeriu ao produtor do filme o nome da outra protagonista: sua arqui-inimiga na vida real, Bette Davis. 


A rivalidade constante entre as duas grandes damas conferiu a tensão exigida pelo filme, e foi recontada na série Feud (2017), de Ryan Murphy, criador de American Horror Story, Nip/Tuck e American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson.

Cenas do filme
Cenas do filme
cenas do filme

Livro: O que terá acontecido a Baby Jane? 
Autor: Henry Farrell  
Editora: Darkside
Gênero: Terror
I.S.B.N.: 9788594541598

Deixada para trás - Charlie Donlea

segunda-feira, 30 de março de 2020

Sinopse: Nicole Cutty e Megan McDonald são alunas do ensino médio na pequena cidade de Emerson Bay, Carolina do Norte. Quando elas desaparecem de uma festa na praia em uma noite quente de verão, a polícia inicia uma busca maciça. Nenhuma pista é encontrada e a esperança é quase perdida, até Megan milagrosamente aparecer depois de escapar de um bunker no fundo da floresta. Um ano depois, o best-seller de sua provação transformou Megan de heróina local para celebridade nacional. É uma história triunfante e inspiradora, exceto por um detalhe inconveniente: Nicole ainda está desaparecida. 

A irmã mais velha de Nicole, Livia, é uma perita forense e espera que em um breve dia o corpo de Nicole seja encontrado e entregue a alguém como ela para analisar as provas e finalmente determinar o destino que sua irmã teve. Em vez disso, a primeira pista para o desaparecimento de Nicole vem de outro corpo que aparece no necrotério, de um jovem ligado ao passado de Nicole. Livia vai até Megan para pedir ajuda, esperando descobrir mais sobre a noite em que as duas foram levadas. Outras meninas também desapareceram e Livia está cada vez mais certa de que os casos estão conectados. 

Mas Megan sabe mais do que ela revelou em seu livro best-seller. Flashes de memória estão se juntando, apontando para algo mais escuro e mais monstruoso do que sua memória descreve. E quanto mais ela e Livia cavam, mais elas percebem que às vezes o verdadeiro terror está em encontrar exatamente o que você está procurando.

★★★★★/5

Li Deixada para Trás do Charlie Donlea há algum tempo, mas até hoje a história está comigo. O Charlie está sendo uma revelação para mim. Ele é nada mais que incrível e esse foi o primeiro livro que li dele - o segundo foi A Garota do Lago - e já estou com os outros dois aqui na fila de espera.

Preciso dizer, acima de tudo, que a história é agoniante. Assim como em A Garota do Lago, Deixada para Trás traz capítulos que mesclam o que já aconteceu com o que está acontecendo e você tem narrações do ponto de vista dos principais personagens.

Isso é agoniante porque você até imagina o que pode ter acontecido e fica na expectativa para cada capítulo sobre o que de fato aconteceu com a Nicole. E ainda tem a Megan que você desconfia de cada passo que ela e a família dela dão.

"Fazia muito tempo que Megan parara de questionar tanto a fascinação do público por seu sequestro como a sede insaciável pelos detalhes mórbidos de seu cativeiro. E, naquele momento, a ânsia desse público de ela prosseguir como se nada tivesse acontecido."

Já li vários livros que eu achei que a história poderia ter sido resumida e o autor economizado umas duzentas páginas, mas em Deixada Para Trás eu acho que foi tudo muito bem colocado e a história não deixou pontas soltas.

É realmente uma leitura muito envolvente do início ao fim e você sente o remorso da Livia por não ter atendido a ligação da irmã, o que poderia ter mudado o rumo de tudo. Fico impressionada com a escrita do Charlie Donlea por ser tão fácil e cativante.

"A floresta estava escura, e a tempestade prosseguia. Com a fita adesiva prendendo seus pulsos, ela tentava se desviar dos galhos que chicoteavam o rosto. Tropeçou num tronco e caiu nas folhas escorregadias. De imediato, forçou-se a ficar de pé de novo. Tinha contado o tempo, e achou que ficara desaparecida por doze dias. Talvez treze. Que estivera presa num porão escuro, onde seu sequestrador a escondera e alimentara, quem sabe tivesse deixado passar um dia quando a fadiga a remeteu para um longo período de sono... Essa noite, ele lhe permitiu ir para a floresta. O pavor a subjugara ao ser atirada no porta-malas, e uma sensação de náusea lhe dissera que seu fim estava próximo."

O final desse livro é simplesmente chocante. Livia e Megan vão conversando e descobrindo que Megan lembra mais do que imagina. Simplesmente amei Deixada para Trás.

Fica aqui minha indicação, espero que curtam.

Livro: Deixada para Trás
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Gênero: Suspense/Policial
I.S.B.N.: 9788595810082



Noites Brancas - Fiódor Dostoiévski

quinta-feira, 19 de março de 2020

Sinopse: Numa iluminada noite de primavera, à beira do rio Fontanka, um jove msonhador se depara com uma linda mulher, que chora. São Petersburgo está mergulhada em mais uma de suas noites brancas, fenômeno que as faz parecerem tão claras quanto os dias e que confere à cidade a atmosfera onírica ideal para o encontro entre essas duas almas perdidas. Em apenas quatro noites, o tímido rapaz e a misteriosa Nástienhka passam a se conhecer como velhos amigos, mas algo vem atrapalhar o desenrolar romântico deste fugaz encontro. Publicada em 1848, esta história faz parte do ciclo de obras que Dostoiévski (1821-1881) criou após amargar uma forte desilusão amorosa e é a última escrita antes da prisão e do período de exílio na Sibéria.

★★★★★/5

Em meio a tantas loucuras em que estamos vivendo com isso de COVID-19, uma quase terceira guerra mundial e várias outras coisas que nos acometem no dia-a-dia, tenho mais convicção ainda de que os livros são a salvação para quem não pode ir à guerra e tem que ficar em casa.

Estou bem receosa de ir até mesmo ali fora de casa, na pracinha do apartamento. Não sou de sair, mas agora está bem mais difícil. Enfim, vamos lá para a indicação de livro do dia.

Noites Brancas é o segundo livro que leio do Dostoiévski e vou te falar uma coisa, é bem complicado, mas no final a história é tão linda e triste que vale a pena esforçar o cérebro um pouco mais.

Noites Brancas é uma obra incrível que nos remete aos dias em São Petesburgo, na Rússia. Não que eu já tenha estado lá, mas sei que às vezes as noites são tão claras que parece que ainda é dia.

Neste cenário temos ainda um alguém, o narrador, o qual nunca saberemos o seu nome, porém percebemos que se trata de alguém isolado dos demais, que não costuma ter amigos e é bem na sua.

Meditando sobre senhores caprichosos e irritados, não pude impedir-me de recordar a minha própria conduta — irrepreensível, aliás — ao longo de todo esse dia. Logo pela manhã, fora atormentado por um profundo e singular aborrecimento. Subitamente afigurou-se-me que estava só, abandonado por todos, que toda a gente se afastava de mim. Seria lógico, na verdade, que perguntasse a mim mesmo: mas quem é, afinal, «toda a gente»? Na realidade, embora viva há oito anos em Sampetersburgo, quase não consegui estabelecer relações com outras pessoas. Mas que necessidade tenho eu de relações? Conheço já todo Sampetersburgo e foi talvez por isso que me pareceu que toda a gente me abandonava, quando todo o Sampetersburgo se ergueu e bruscamente partiu para o campo. Fui tmado pelo receio de me encontrar só e durante três dias inteiros errei pela cidade mergulhado numa profunda melancolia, sem nada compreender do que se passava comigo.

Os livros do Dostoiévski, pelo que li num geral, ele é um cara de muitas palavras. Um diálogo leva basicamente três páginas, coisa simples, porém ele aloga bem as conversas.

Etretanto, confesso que em Noites Brancasnada disso me incomodou. Ao contrário, senti um vazio enorme depois de finalizar a leitura. É realmente algo lindo de ler e vale muito a pena.

"Estabeleci laços quase de amizade com um velhinho que todos os dias encontro, sempre à mesma hora, na Fontanka 2 . Tem uma expressão muito grave e pensativa e sussurra permanentemente, falando consigo mesmo, agitando a mão esquerda enquanto com a direita segura uma longa e nodosa bengala com um castão de ouro. Ele próprio me reconhece, dedicando-me um cordial interesse. Se, por qualquer eventualidade, eu não aparecesse à hora do costume nesse tal sitio habitual na Fontanka, tenho a certeza de que teria um acesso de melancolia."

Como diz na sinopse do próprio livro, Noites Brancas foi escrito após uma grande desilusão amorosa, então acredito que por esse motivo ele colocou todos os sentimentos ali e poderia até dizer que, pelo final da história, é a história do próprio Dostoiévski. O narrador não tem nome, ele se apaixona por Nástienhka e  no final... bom, o final é triste.

A pobrezinha estava de tal modo emocionada que conseguiu terminar; apoiou a cabeça no meu ombro, depois sobre o meu peito, e chorou amargamente. Eu consolava-a, encorajava-a, mas nada lhe conseguia deter a mágoa; continuava a apertar-me a mão e dizia por entre os soluços: «Espere, espere. Vai ver, isto vai parar já! Quero dizer-lhe... não que estas lágrimas... não, elas vêm-me assim, é da franqueza espere que isto passe... » Finalmente, parou de chorar, limpe as lágrimas, e recomeçamos a caminhar. Eu queria falar, ela, ainda durante muito tempo, continuou a pedir-me esperasse. Calamo-nos... Por fim, reuniu toda a sua coragem começou a falar.

Eu realmente adorei esse livro, eu amo a escrita do Dostoiévski, acho tudo muito poético e se você acha que por ser um escritor clássico e russo você não vai conseguir, acredite, vai seim. Eu também achei que não conseguiria ler Crime e Castigo. Se eu consegui, você também consegue.

Livro: Noites Brancas
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Editora 34
Gênero: Romance

A Garota do Lago - Charlie Donlea

quarta-feira, 18 de março de 2020

Sinopse: ALGUNS LUGARES PARECEM BELOS DEMAIS PARA SEREM TOCADOS PELO HORROR... 

Summit Lake, uma pequena cidade entre montanhas, é esse tipo de lugar, bucólico e com encantadoras casas dispostas à beira de um longo trecho de água intocada. 

Duas semanas atrás, a estudante de direito Becca Eckersley foi brutalmente assassinada em uma dessas casas. Filha de um poderoso advogado, Becca estava no auge de sua vida. 

Atraída instintivamente pela notícia, a repórter Kelsey Castle vai até a cidade para investigar o caso. 

E LOGO SE ESTABELECE UMA CONEXÃO ÍNTIMA QUANDO UM VIVO CAMINHA NAS MESMAS PEGADAS DOS MORTOS... 

E enquanto descobre sobre as amizades de Becca, sua vida amorosa e os segredos que ela guardava, a repórter fica cada vez mais convencida de que a verdade sobre o que aconteceu com Becca pode ser a chave para superar as marcas sombrias de seu próprio passado...
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"Despreparada para o ataque dele, Becca sentiu os calcanhares serem arrastados por sobre o piso de ladrilhos. Então, ele a empurrou com força contra a parede. Agarrando-a pelos ombros e pelos cabelos, arrastou-a até a cozinha."

Já faz algum tempo desde que terminei de ler A Garota no Lago, de Charlie Donlea, e preciso dizer que havia esquecido muita coisa. Porém uma coisa eu sempre tive em mente: trata-se de um thriller incrível, mas que infelizmente não agradou a muitos.

Eu particularmente adorei a história por completo e, sem dúvida leria novamente. Na verdade, eu quase o li novamente, já que, como disse ali em cima, esqueci muita coisa devido ao tempo em que deixei ele lá esperando para ser comentado.

Adoro esses livros que normalmente não se tem suspeitos aparentes e que você desconfia até de você mesma. A Garota do Lago é bem assim. E, olha, é uma história muito boa que eu ando indicando demais.

Para ser bem verdadeira, eu amo a escrita do Charlie Donlea e o primeiro livro que li dele foi Deixada para Trás. Eu estou completamente louca pelos outros dois livros dele, Uma mulher na escuridão e Não Confie em Ninguém. 

Toda a história é contada sob a perspectiva tanto de Becca, a menina assassinada e de Kelsey Castle, uma jornalista investigativa que tem como propósito escrever um artigo para o jornal em que trabalha.

A trama é cheia de mistérios tanto de Becca quanto de Kelsey, coisas que só iremos descobrir de verdade nas páginas finais. E isso é o que torna tudo mais legal. A sensação de você ir junto com a narrativa e ir descobrindo tudo aos poucos é sem dúvida a melhor sensação de se pegar um livro para ler.

“É mais que uma pessoa obcecada. É o que se denomina pessoa insociável organizada. É o padrão de um assassino. Um tipo específico de assassino. Ele é inteligente...”

Li algumas postagens em outros blogs que as pessoas simplesmente colocaram o livro lá em baixo e eu até imaginei um ritual satânico com o coisado do livro. Entendo que algumas coisas poderiam ter sido diferentes, mas eu achei tudo muito bem tecido e ouso dizer que tem até brecha para uma continuação, mas sobre a Kelsey.

Livro: A garota do lago
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Gênero: Suspense/Policial
Clube do Livro da Milca